Pedro Bertolino
O Morro da Cruz
não tinha luz
nem televisão
era apenas
Morro do Antão.
A ponte Hercílio Luz
tinha trilhos de pranchão
e um guarda sempre de plantão.
Lá embaixo
navios no porto
a Ilha do Carvão
menino absorto.
Havia uma Rita
que fazia marmita
e era depois Maria.
O povo da Arataca
comia semana inteira
e não sabia
que a sua marmiteira
um dia seria
Rita Maria.
Depois, vinha
o cais do Frederico
as lanchas
do Paulo Lopes
nosso mercado público.
O ônibus
parava na Alfândega
e não se chamava terminal
era apenas ponto final.
O Bar São Pedro
vendia pinga
para matar o bicho.
A chuva
molhava a gente
nas noites de carnaval.
O Job sabia de tudo
freqüentava o senadinho
e sacaneava aquele mudo
do café do Seu Foguinho.
O Adolfo
era dono dos autmóveis
e tinha selos
do ICM sem S
a provar propriedade
para quem quer que o quisesse.
A Dona Traça
se pintava
na Figueira da Praça
todas as manhãs.
As lavadeiras de Sambaqui:
pareciam margaridas
deixando as ruas floridas
com seu ti-ti-ti.
Desciam na Catedral
de um ônibus
quase sem bancos
e levavam na cabeça
aqueles seus sacos brancos.
Com as duas mãos soltas
cumpriam desenvoltas
seu rito matinal.
Eram marias
Marias de carnaval
levando na patroa
as roupas do varal.
O Morro da Cruz
não tinha luz
nem televisão.
Era apenas
Morro do Antão.
não tinha luz
nem televisão
era apenas
Morro do Antão.
A ponte Hercílio Luz
tinha trilhos de pranchão
e um guarda sempre de plantão.
Lá embaixo
navios no porto
a Ilha do Carvão
menino absorto.
Havia uma Rita
que fazia marmita
e era depois Maria.
O povo da Arataca
comia semana inteira
e não sabia
que a sua marmiteira
um dia seria
Rita Maria.
Depois, vinha
o cais do Frederico
as lanchas
do Paulo Lopes
nosso mercado público.
O ônibus
parava na Alfândega
e não se chamava terminal
era apenas ponto final.
O Bar São Pedro
vendia pinga
para matar o bicho.
A chuva
molhava a gente
nas noites de carnaval.
O Job sabia de tudo
freqüentava o senadinho
e sacaneava aquele mudo
do café do Seu Foguinho.
O Adolfo
era dono dos autmóveis
e tinha selos
do ICM sem S
a provar propriedade
para quem quer que o quisesse.
A Dona Traça
se pintava
na Figueira da Praça
todas as manhãs.
As lavadeiras de Sambaqui:
pareciam margaridas
deixando as ruas floridas
com seu ti-ti-ti.
Desciam na Catedral
de um ônibus
quase sem bancos
e levavam na cabeça
aqueles seus sacos brancos.
Com as duas mãos soltas
cumpriam desenvoltas
seu rito matinal.
Eram marias
Marias de carnaval
levando na patroa
as roupas do varal.
O Morro da Cruz
não tinha luz
nem televisão.
Era apenas
Morro do Antão.
Fpolis., dezembro 2008.
(Versão completa publicada de Florianópolis)
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